segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ENTRE LIVROS E OBRAS

Estudantes da região da Lagoinha mudam a rotina para se adequarem aos transtornos da duplicação da avenida Antônio Carlos


Por Gabriella Granato e Juliana Guedes


Acordar muito cedo, trabalhar durante todo o dia e descansar a noite. Descansar a noite? Não. Essa é a hora de enfrentar mais três horas e meia dentro de uma sala de aula. A rotina dos milhares de estudantes de Belo Horizonte tem sido bem diferente para aqueles que buscam o ensino superior nas faculdades concentradas na região da Lagoinha. A duplicação da avenida Antonio Carlos mal começou e os alunos já reclamam das dificuldades encontradas no trânsito caótico em meio as obras.


Se a promessa é de melhorias para o futuro, os universitários não veem a hora do término desse projeto. A estudante de Relações Públicas do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), Keyty Emanuele, reclama dos compromissos perdidos a cada atraso na faculdade. “Eu trabalho no centro e estava chegando todos os dias atrasada para o grupo de danças que temos na instituição. Devido ao excesso de atrasos tive que me desligar do grupo, pois não consigo sair mais cedo do meu trabalho”, explica. Ainda assim, Keyty se mostra otimista. “Acho que o projeto de duplicação da Antônio Carlos é muito bom e realmente espero que melhore todos os problemas que existem na avenida. Porém, enquanto isso não acontece, nós sofremos com esse trânsito infernal”, desabafa.


O trânsito tem sido a principal reclamação dos pedestres e motoristas que circulam na via. Segundo a Empresa de Transportes e Transito de Belo Horizonte (BHTRANS), cerca de 85 mil automóveis utilizam a avenida por dia e diante de tantas ruas interditadas em meio a 700 operários, as queixas ficam inevitáveis. “O trânsito nesse pedaço da Antônio Carlos, está horrível. Antes eu gastava 40 minutos para chegar ao meu trabalho e hoje não consigo realizar o mesmo percurso em menos de uma hora”, afirma outra estudante do Uni-BH, Natália Costa. Para a universitária que mora no bairro Cachoeirinha há mais de 25 anos, a segurança também é um problema que tem preocupado as pessoas que circulam na região devido aos imóveis desapropriados e a existência de muitos lotes vagos. “Não temos mais segurança. Tenho medo de andar na rua. Às vezes vou e volto da faculdade a pé, mas sempre faço caminhos diferentes, porque já fui abordada uma vez em frente a minha casa”, confessa Natália.


De acordo com o analista de comunicação da BHTRANS, Gilvan Reis, a prefeitura e a empresa responsável pela obra, o Consórcio Andrade Gutierrez, buscam soluções imediatas para solucionar os problemas de quem utilizam a avenida. “Toda obra traz transtornos, mas estamos fazendo tudo o que podemos para resolver as reclamações dos pedestres, motoristas e moradores. A prioridade é oferecer trajetos com mais iluminação para a segurança da população e agentes de trânsito para auxiliar o tráfego”, explica o analista.




Mais reclamações


Apesar do auxílio que as empresas relacionadas com a obra têm prestado, muitas pessoas continuam reclamando de situações básicas, que poderiam ser evitadas. O motorista de transporte universitário, Dário Sousa, responsável por levar 12 alunos a faculdades da região, reclama da falta de sinalização diante de tantas mudanças.


Para Dário, quem não conhece muito bem a avenida, acaba se perdendo. “Nós que somos motoristas de vans não temos muitos problemas porque conhecemos todo esse trajeto, mas aqueles que não têm costume fica difícil adivinhar para onde seguir, onde retornar e como achar o local pretendido”. O motorista ainda levanta outra questão importante que interfere no caos do trânsito. “As pessoas não têm paciência. É estudante correndo de um lado para não perder o horário da aula e motoristas tentando correr do outro para sair do congestionamento. Todo mundo desrespeita as sinalizações e isso piora ainda mais a situação que já está complicada”, afirma Dário.


Aluna do curso de administração da Faculdade de Ciências Sociais (Facisa), Juliete Correa, também reclama da falta da paciência das pessoas. Para a universitária, as buzinas dos automóveis, o barulho dos tratores e o fluxo intenso de pessoas prejudicam o rendimento dos estudantes. “É impossível ter concentração em sala de aula. Os professores fecham a porta, mas os ruídos persistem. Em dia de prova é ainda mais complicado, porque ficamos tensos com a avaliação e nervosos com tanto barulho externo”. Juliete confessa que até pensou em transferir o curso para outra faculdade. “No início cheguei a procurar outras instituições distantes dessa obra, mas eu iria ficar prejudicada com a minha grade curricular. Sei que é uma intervenção necessária e que futuramente a população será beneficiada, mas é impossível manter a calma com tantos problemas”, diz a universitária.


Segundo Gilvan, a parte mais crítica da obra ainda não aconteceu em torno das faculdades, e por isso a prefeitura e o Consórcio Andrade Gutierrez, estão estudando a possibilidade de executar tais mudanças no período de férias. “Até o momento o Conjunto IAPI foi o local que mais sofreu alterações. A construção de um viaduto rente ao Uni-BH será a parte mais delicada da obra, levando em consideração o número de pessoas envolvidas. Por isso, existe a possibilidade que essa região sofra intervenções a partir de dezembro, quando acontece o recesso escolar. Nada ainda está definido, mas é certo vamos priorizar a qualidade do serviço”, explica o analista da BHTRANS.



Pontos de ônibus


Se quem anda de carro tem reclamado das constantes mudanças, os passageiros dos coletivos urbanos também andam perdidos. Somente no Conjunto IAPI, entre as ruas Formiga e Juazeiro, três pontos de ônibus foram alterados nos dois sentidos das pistas. Uma rua paralela a Antônio Carlos foi construída para atender os passageiros que estão embarcando ou desembarcando para ir ao centro ou bairro. Agora esses pontos estão aproximadamente a 150 metros dos pontos originais, entre as ruas Araribá e Juazeiro.


Na Lagoinha mais dois pontos foram desviado entre a avenida e as ruas Rio Novo e Formiga. Nesse caso, os passageiros estão utilizando um ponto nas proximidades da rua Formiga e outro na Antônio Carlos, em frente ao Uni-BH.


O aluno de ciências contábeis da Facisa, Anderson Lima, reconhece que as mudanças têm sido feitas para ajudar a população, mas ele reclama da falta de informação que acaba atrapalhando os passageiros. “Os pontos são transferidos de acordo com o andar da obra e nós que somos passageiros temos que correr atrás de informação para não perder o ônibus”, explica o universitário. Anderson também ressalta que com as mudanças, o mínimo de conforto ficou de lado. Segundo o aluno, os pontos não têm abrigos e os passageiros ficam em pé, torcendo para não chover.


Progresso em etapas


Na avenida Antônio Carlos estão sendo duplicados 3,9 quilômetros de via, do Bairro São Francisco (Anel Rodoviário) até o Complexo da Lagoinha, região central da cidade. A obra foi dividida em etapas e em junho deste ano, a primeira foi concluída com a duplicação de 1.340 metros da avenida, entre as Ruas Viana do Castelo, na altura do Viaduto São Francisco, e Aporé, aproximadamente no bairro Aparecida. Este trecho passa agora a ter quatro faixas de rolamento em cada lado e duas pistas centrais exclusivas para ônibus.


Também fez parte dessa fase de obras a construção da Trincheira Celso Mello de Azevedo ligando as avenidas Bernardo Vasconcelos e Américo Vespúcio. Estão sendo investidos recursos da ordem de R$ 250 milhões, sendo R$ 190 milhões do Governo do Estado e R$ 60 milhões da prefeitura para alargamento da pista, construção de sete viadutos e desapropriações. A previsão é que as obras sejam concluídas em 2010.


Desde o início de maio demolições de imóveis desapropriados, serviços de terraplanagens e execução de rede de drenagem estão acontecendo para concluir a segunda etapa, que consiste na duplicação de um trecho de 700 metros, entre as ruas Aporé e Madalena.


Para a segunda etapa de duplicação da avenida um projeto paisagístico prevê o plantio de 1500 mudas de árvores no trecho entre a rua Operários, no bairro Cachoeirinha, até o Complexo da Lagoinha. Essas árvores substituirão as 140 que estão sendo retiradas devido as obras de ampliação da via, que está tendo a largura ampliada de 25 metros para 52 metros.

Um comentário:

  1. -Crase: à noite (-1);
    -Evitem repetição;
    -Acentuação: trânsito (-1);
    -Utilizem um Manual para normatizar o texto;
    -Vírgula entre sujeito e verbo: O trânsito está (-1);
    -Concordância: quem utiliza (-1).

    Bom texto. Mais atenção na cobertura e com a norma culta.

    Nota: 21/25.

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