segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Mudança de Rotina

População altera sua rotina devido às obras e espera ansiosamente
a conclusão prevista para março de 2010.

P
or Júlia Campos, Kamilla Kris e Renato Carvalho


Início de semana, 18h30, horário de rush, trânsito quase parado na Avenida Antônio Carlos, na Capital mineira. Isso não seria novidade para os milhares de motoristas que passam diariamente pela principal artéria de trânsito que liga o centro de Belo Horizonte à região Norte da cidade. A diferença é que, com as obras de alargamento da via, iniciadas em 2004, esse caos – como alguns moradores têm se referido à situação – piorou.

Morador do bairro Lagoinha há cerca de três anos, o turismólogo carioca José Ramiro Chagas conta que não é só o fluxo de automóveis na porta de sua casa que mudou. “Eu estava vendo o dia que ia chegar do serviço e iria encontrar, pregado na porta do meu apartamento, um bilhete dizendo que ‘a próxima vítima’ seria o meu prédio”, conta Ramiro, ironizando uma possível desapropriação.

Foto: Kamilla Kris
Ramiro Chagas, um dos moradores da Lagoinha

Mas não é apenas quem vive na região que sofre com o transtorno causado pelas obras. Nos arredores do Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), o que se ouve é muita reclamação. Alunos da instituição, que moram em municípios vizinhos, afirmam que a dificuldade de locomoção na via tem feito com que os atrasos na chegada à aula sejam constantes.

Estudante do 6º período do curso de Relações Públicas, Gabriel Ferreira, morador de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, conta que raramente consegue chegar à faculdade no início da aula, às 19h. “Tem que ter bom humor, isso já se tornou rotina pra gente (conta ele se referindo aos demais colegas de van), uma nova rotina, e a gente até brinca com isso dizendo que quando conseguimos chegar cedo, chove! E como com chuva o trânsito sempre atrasa, aí que não chegamos cedo mesmo...”.

Gabriel explica também que os engarrafamentos têm feito com que o motorista de sua van, como outros tantos que enfrentam a mesma jornada, tentem caminhos alternativos para chegar ao Uni-BH. “Quando está tudo realmente parado, o que acontece com freqüência, nós experimentamos outras rotas, mas como outros motoristas tentam a mesma ‘façanha’, acaba não tendo jeito de fugir do engarrafamento”, comenta o estudante.

Comerciantes da região também sofrem com os transtornos causados pela obra. Regina Figueiredo, ex-moradora da Lagoinha e vendedora de pastéis nos arredores do Uni-BH, conta que teve dificuldades para continuar trabalhando no bairro. “Ficou muito complicado vir trabalhar aqui depois que desapropriaram minha casa. Tive que mudar, e isso atrasou um pouco o meu trabalho”, esclareceu.

Além do empecilho da distância, Regina conta que apesar do movimento da faculdade ser sempre o mesmo, o tempo livre dos alunos diminuiu. “Antes das obras chegarem à Lagoinha muitos alunos chegavam mais cedo e lanchavam antes de entrar para a aula. Agora muitos chegam atrasados e só têm o horário do intervalo para lanchar. No intervalo o movimento é muito grande ali fora, e muitos desistem de comer”, desabafa.

A advogada Andrea Costa, que mora no bairro Lagoinha, em uma das ruas perpendiculares à Avenida, disse que sua rotina mudou desde que as obras começaram. Como o bairro tem fácil acesso ao centro, muitas pessoas vão à pé para casa ou para o trabalho. “Tomo cuidado ao chegar em casa. Eu mesma venho a pé do centro, principalmente por ser mais saudável. Com as obras tenho tomado mais cuidado, pois a passagem dos pedestres que antes era mais próxima da Avenida agora foi transferida para perto da minha casa”, relata apontando que diversos assaltos têm acontecido.

De acordo com o diretor geral do DER/MG, José Elcio Santos Monteze, o trecho em execução é o de maior complexidade de toda a obra, pelo fato da região da Lagoinha necessitar de um grande número de intervenções. No trecho da rua Formiga, por exemplo, foram construídas as fundações dos viadutos, juntamente com a instalação de 110 estacas e blocos que compõem a infraestrutura de sustentação dos viadutos. A previsão é de que as obras no local serão concluídas até março de 2010.

Prós e contras

Foto: Júlia Campos
Desapropriação de um dos prédios da região

A estudante do 6º período de Publicidade do Uni-BH, Roberta von Zastrow, comenta sobre a iluminação precária da avenida e da falta de segurança aos pedestres. “À noite fica muito perigoso pegar ônibus. O ponto fica completamente escuro, a gente não consegue ver quase nada. Sem contar a freqüente mudança dos pontos de ônibus. A gente fica sem saber onde pegar o transporte”, reclama.

O DER informou que a instalação da iluminação provisória na Avenida Antônio Carlos durante as obras já está em execução. Mas os postes só podem ser instalados nos trechos onde as demolições terminaram e que irão verificar a deficiência de iluminação próximo à faculdade, na Lagoinha.

Andréa Fernandes, estudante do 4º período de jornalismo do Centro Universitário conta dos problemas enfrentados para chegar na faculdade: “Há lugares onde não há passeios, e fica muito complicado para a gente atravessar ou até mesmo andar pela Antônio Carlos. Além disso, só uma faixa plástica separa os pedestres do carro”, desabafa.

Roger Melo, estudante do 5º período de Ciência da Computação da UFMG passa pela Avenida todos os dias de ônibus para ir para o Campus e retornar para casa. De acordo com o universitário, antigamente, quando as obras ainda não haviam sido iniciadas, era praticamente impossível passar por lá sem enfrentar congestionamento.

Ultimamente ele têm percebido uma rapidez no desenvolvimento da obra, o que está ajudando na fluidez do tráfego. “Na parte da Avenida em que as pistas foram liberadas o trânsito está tranqüilo. Mas quando chegamos no viaduto, próximo à Afonso Pena, o trânsito dá uma “parada”. Creio que quando terminar tudo, será a melhor via de acesso para as regiões de Belo Horizonte”, conclui Roger.

O motorista de van escolar, Wagner Leandro, está feliz com as obras. “As obras da Antônio Carlos estão muito avançadas. Quando a obra ficar pronta, o trânsito irá fluir melhor. O que preocupa são os motoristas irresponsáveis que aproveitarão o tráfego livre e a pista nova para acelerar mais. Acredito que muitos acidentes acontecerão”, aponta.

Wagner citou as obras do Boulevard Arrudas, em que a pista foi também alargada, melhorando o fluxo no trânsito e muitos motoristas aproveitaram para correr mais. O motorista ainda lembrou dos diversos acidentes na Antônio Carlos, devido a falta de passarelas e sinalização adequada. “A Antônio Carlos irá progredir bastante depois da conclusão das obras”, finaliza.

Obras na Antônio Carlos

Foto: Divulgação
Projeto das obras próximo à Rua Rio Novo

A Avenida Antônio Carlos, uma das mais movimentadas da cidade, recebe em média 85 mil veículos leves e pesados todos os dias, de acordo com a Secretaria de Estado de Transportes de obras públicas. Sua duplicação veio com o propósito de beneficiar mais de 3 milhões de pessoas, entre pedestres e população vizinha, que além da melhora na fluidez no tráfego, terão segurança, diminuição da poluição e geração de empregos, tanto com as obras quanto com a valorização comercial da região.

A segunda fase de alargamento da Avenida (de 25 para 52 metros), entre a Rua Operários e o Complexo da Lagoinha, teve início em 28 de janeiro de 2009 e recebeu R$ 250 milhões para ser desenvolvida. Do dinheiro investido, R$ 139 milhões são direcionados às obras e os outros R$ 111 milhões às desapropriações. Além do alargamento da pista e ruas adjacentes, serão construídos sete viadutos para interligar os bairros da região.

Hoje a Antônio Carlos possui no trecho em obras, apenas uma pista por sentido com três faixas de rolamento cada uma. Com a ampliação, passará a ter quatro faixas por pista, além de uma terceira pista, com duas faixas exclusivas para o fluxo de ônibus. Os viadutos criados terão, no mínimo, duas faixas por sentido, contribuindo para evitar congestionamentos.

Além das obras foi desenvolvido um projeto paisagístico que prevê o plantio de 1,5 mil mudas de árvores ao longo da avenida, no trecho entre a rua Operários, no bairro Cachoeirinha, até o Complexo da Lagoinha, para substituir as 140 árvores que foram retiradas. Está previsto o plantio de árvores ao longo das calçadas, nos canteiros centrais da bus-way, nas calçadas dos viadutos e nas áreas remanescentes da obra.

A conclusão do alargamento da Antônio Carlos será um ponto estratégico para alavancar o desenvolvimento do turismo de negócios da capital, lembrando que a Avenida é um dos acessos diretos ao Estádio do Mineirão (principal arena esportiva de Belo Horizonte), que será sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014.

Um comentário:

  1. -Crase: "devido as obras" (-1);
    -Aconselho, mais uma vez, a utilização de um manual para padronizar o texto;
    -Acabou o trema;
    -Cuidado com a repetição;
    -Não se esqueçam de colocar vírgula(s) para separar, sobretudo, adjuntos;
    -Crase: perpendiculares à Avenida;
    -Vírgula separando sujeito do verbo: pois a passagem dos pedestres, que antes era mais próxima da Avenida, agora foi transferida para (-1);
    -Concordância: "foram construídas as fundações dos viadutos" (-1);
    -Concordância: 110 estacas e blocos que compõem (-1);
    -Crase: À noite fica muito perigoso;
    -Vírgula entre sujeito e verbo: Andréa Fernandes, estudante do 4º período de jornalismo do Centro Universitário, conta - Roger Melo, estudante do 5º período de Ciência da Computação da UFMG, passa;
    -Preposição para introduzir lugar: Na parte da Avenida em que as pistas foram liberadas, o trânsito está tranquilo;
    -Vírgula: O motorista de van escolar, Wagner Leandro, está feliz com as obras;
    -Regência: passará a ter (-1);
    -Concordância: Está previsto o plantio de árvores ao longo das calçadas.

    Boa matéria. Mais cuidado com a Norma Culta.

    Nota: 20/25.

    ResponderExcluir