quarta-feira, 28 de outubro de 2009

MOTORISTAS E PEDESTRES DISPUTAM ESPAÇO NA ANTÔNIO CARLOS

As obras na avenida têm gerado reclamações da população que impacientemente desobedece muitas regras de trânsito

Reportagem: Edgar Abreu


Os congestionamentos já eram rotineiros em toda a avenida Presidente Antônio Carlos, antes do início da segunda fase de duplicação da via que começou em janeiro deste ano. O viaduto Hansen Araújo, mais conhecido como Elevado da Lagoinha, fica praticamente parado nos horários de pico tanto para quem trafega no sentido bairro quanto para os motoristas que seguem no sentido centro. De acordo com a BHTrans, mais de três mil veículos circulam, por hora, no sentido centro, entre 5h30 e 8h. O pico no sentido bairro acontece no fim da tarde e no início da noite, entre 17h30 e 19h30, com fluxo semelhante ao da manhã.

Pela Antônio Carlos circulam 85 mil veículos por dia. São 700 operários trabalhando na obra, que envolve muitas máquinas. O visual é confuso para quem trafega pelo local e, enquanto a nova avenida não fica pronta, são muitas as queixas. Praticamente todas as ruas da região estão interditadas e os pontos de ônibus foram transferidos para outros locais na via.

Segundo a BHTrans, as paradas de ônibus foram retiradas dos espaços originais e foram instaladas a cada 150 metros. A doméstica Kelme Maria de Souza caminhava, no trecho entre a Antônio Carlos e a rua Manoel Macedo, com o filho de oito meses no colo desviando dos buracos e prestando atenção na movimentação constante dos veículos. “Eu fico com medo, tenho que andar na rua junto com os carros porque aqui não tem passeio e nem espaço só para pedestres”, afirma.

Os motoristas afirmam que há falta de sinalização e confusão nos acessos para as ruas dos bairros próximos. O estudante Lucas Soares mora no Barreiro e encontrou dificuldades para chegar na rua Itapecerica, na Lagoinha. O caminho que ele costumava fazer para chegar lá, não existe mais. “Antes das obras, pela rua Rio Novo era fácil acessar a Itapecerica. Agora é preciso pegar um desvio longo pelo Conjunto IAPI. Quem não mora por aqui fica perdido”, conta.

O especialista em trânsito Frederico Rodrigues diz que muitos condutores não estão entendendo a sinalização indicativa e é dever do órgão de trânsito amenizar os impactos das intervenções momentâneas. “Os condutores só são avisados da existência dos desvios quando chegam nele, o ideal são três informações prévias indicando a alteração de circulação”, afirma.

Quem caminha na avenida também reclama. Os locais para trânsito de pedestres terminam nos pontos de ônibus, o que provoca transtornos para quem precisar ir, por exemplo, passando pela Antônio Carlos, a um estabelecimento comercial na região. A dona de casa Leda Martins tentava chegar, pelo acesso de pedestres, até a Igreja Batista da Lagoinha. Ela teve que voltar e procurar outro caminho. “Não dá para arriscar passar entre tantos ônibus e carros, é um absurdo o pedestre ficar tão prejudicado assim”.

A BHTrans informa que os pedestres que precisam circular pela região devem prestar atenção aos desvios porque toda área em obra está isolada com tapumes. Segundo a assessoria, são dois os principais desvios: pelo Conjunto IAPI – através da Praça São Cristóvão - e pela rua Manoel Macedo – acessando pela avenida Antônio Carlos.

Segundo a assessoria do órgão, os desvios são indicados por faixas de pano e sinalização de obra foi feita para orientar e garantir maior segurança aos passageiros, pedestres e condutores. “A empresa alerta para a importância de os motoristas redobrarem a atenção à sinalização implantada. Agentes da Unidade Integrada de Trânsito estão monitorando todo o tráfego na região”, explica.

Atualmente, a avenida tem, no trecho em obras, apenas uma pista, por sentido, com duas faixas de rolamento cada uma. Com a ampliação, após o término das obras, passará a ter quatro faixas por pista, além de uma terceira pista com duas faixas exclusivas para o fluxo de ônibus. Segundo a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop), também está prevista a construção de sete novos viadutos para facilitar especialmente o acesso aos bairros adjacentes. “Essas modificações vão ajudar a facilitar o fluxo de veículos no local durante todo o dia. Toda obra gera transtornos, mas os benefícios posteriores são muitos”, esclarece a Assessoria de Comunicação da Setop.

Mas, parece que motoristas não estão tendo paciência para esperar. A reportagem flagrou um festival de infrações na Antônio Carlos. Sinal vermelho é sinal de parada obrigatória. Essa é a regra de trânsito mais básica e a mais desrespeitada pelos condutores. Carros, motos e ônibus furam o semáforo e ajudam a tumultuar o tráfego. O sinal estava aberto para pedestres e a funcionária pública Cleide Elias Moreira teve que correr para não ser atropelada. “O semáforo indica que está na vez do pedestre, mas os motoristas não esperam. Eles ainda vão acabar matando alguém aqui”, reclama.

As vans escolares que fazem o transporte de universitários para as faculdades da região retiram faixas e obstáculos de interdição de um retorno temporariamente desativado na altura da Antônio Carlos com a rua Rio Novo. Mesmo a existência de uma câmera do programa Olho Vivo, instalada no local, não impede a irresponsabilidade dos que tentam encurtar caminho. O motorista Alexandre Araújo afirma que quando não utiliza o retorno demora 15 minutos a mais para chegar ao centro. “O trânsito no horário do fim das aulas está bem congestionado, pegando esse retorno, que antes das obras era permitido, facilita a minha vida. Todos os alunos que eu carrego querem chegar cedo em casa”.

Desde o dia 11 de outubro, caminhões e carretas com mais de 4,6 metros estão proibidos de circular na área em obras da avenida. A proibição é devido à instalação de estacas de ferro que dão sustentação às construções dos viadutos e têm o limite de 4,60 metros.

De acordo com o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), José Elcio Santos Monteze, a restrição é temporária, somente enquanto durarem as obras, porque, depois de prontos, esses viadutos permitirão a passagem de veículos com altura até cinco metros. "Por enquanto esses veículos deveram buscar rotas alternativas”, reiterou.

A restrição na circulação desses veículos altos é outra regra que não está sendo respeitada. A reportagem flagrou vários caminhões, com mais de 4,6 metros, descarregando produtos nas proximidades do Conjunto IAPI e depois descendo a avenida Antônio Carlos, no sentido centro.

Segundo a BHTrans, todas essas infrações são passíveis de multas. O órgão alerta os motoristas infratores que agentes estão monitorando o trânsito no local e aplicando multas. Ainda segundo o órgão, a Antônio Carlos foi a terceira via de Belo Horizonte com o maior número de multas aplicadas no primeiro semestre deste ano. Foram registradas 12.630 infrações no local, número inferior somente ao das avenidas Contorno e Cristiano Machado. Em toda a cidade, foram 130.038 multas entre janeiro e junho.

A expectativa dos moradores e comerciantes da Lagoinha é que o trânsito melhore, os imóveis sejam valorizados e haja maior segurança. A estudante Vanessa Queiroz mora na rua Manoel Macedo, em um dos poucos edifícios que não foram demolidos pelas obras. Ela afirma que as autoridades devem ficar atentas e buscar resolver também os problemas de segurança da região. “Nós moradores da Lagoinha sofremos com a violência dos moradores de rua, que se drogam, assaltam e incomodam todos na região. A população quer a melhora no trânsito, mas também quer mais iluminação e segurança em nossas ruas. De que adianta uma avenida bonita, se os moradores têm medo de sair de casa a noite?”.

OS NÚMEROS DA OBRA
Valor de investimento total: R$ 250 milhões, sendo:
- Governo de Minas: R$ 190 milhões (76%)
- Prefeitura de Belo Horizonte: R$ 60 milhões (24%)
- Valor investido em infraestrutura: R$ 139 milhões (55,6%)
- Valor investido em desapropriações: R$ 111 milhões (44,4%)
- Viadutos a serem edificados: 7
- Imóveis desapropriados: 240
- Número de empregos diretos e indiretos: 4.700
- Previsão de conclusão das obras: março de 2010
- Largura atual das pistas: 25 metros
- Largura prevista após a conclusão da obra: 52 metros
- Número de árvores a serem plantadas: 1500
- Número de faixas de tráfego em cada sentido (pós duplicação): 4- Número de faixas em cada sentido na busway (pós duplicação): 2

Um comentário:

  1. -Vírgula: via, que começou;
    -Não se esqueça de recorrer a um manual para padronizar o texto;
    -Verbo pronominal: desviando-se dos buracos (-1);
    -Vírgula entre sujeito e verbo: O caminho que ele costumava fazer para chegar lá, não existe mais (-1);
    -Melhor: acessando a avenida Antônio Carlos;
    -Artigo: e "a" sinalização de obra;
    -Cuidado com a repetição;
    -Deveram? (-1);
    -Preposição: A expectativa dos moradores e comerciantes da Lagoinha é “de” que o trânsito melhore;
    -Vírgula para o aposto: Nós, moradores da Lagoinha, sofremos (-1);
    -Atenção para a padronização e para a pontuação da retranca final;
    -Boa matéria. Contudo, mais cuidado com a Norma Culta.

    -Nota Final: 21/25.

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